Início » Cinema e Literatura como Ferramentas de Transformação Social em Sergipe

Cinema e Literatura como Ferramentas de Transformação Social em Sergipe

Em 2024, o Cine Book Clube foi contemplado pelo edital da Lei Paulo Gustavo em Sergipe, com recursos da Funcap e do Governo do Estado de Sergipe. O projeto tem como missão fortalecer o acesso à cultura em territórios negligenciados, usando o cinema e a literatura como pontes para o diálogo, a educação e a troca de vivências. Ao longo de 2025, o Cine Book Clube circulará por espaços como escolas públicas, instituições socioeducativas, comunidades periféricas e o sistema prisional, promovendo sessões de cinema e rodas de conversa baseadas em livros que dialogam diretamente com os filmes exibidos.

Essa jornada começou em 2017 como uma iniciativa independente, e agora ganha novo fôlego para ampliar seu alcance e impacto. Este blog será um espaço de registro, troca e reflexão sobre cada etapa dessa caminhada — não apenas como prestação de contas, mas como um diário de experiências, afetos e transformações que a cultura pode promover.

O que é o Cine Book Clube?

O Cine Book Clube é um clube itinerante de cinema e leitura, com curadoria voltada para temas sociais, educacionais e humanos. Em cada localidade visitada, o projeto monta uma estrutura adaptada de sala de cinema, promove a exibição de um filme e distribui exemplares de um livro que dialoga com a temática da obra audiovisual. Após a sessão, é realizada uma roda de conversa mediada por educadores, facilitadores culturais e convidados especiais.

O objetivo é fomentar o pensamento crítico, a escuta ativa e a valorização da cultura como direito e ferramenta de emancipação.

Primeira parada: Presídio Feminino de Sergipe

A primeira edição deste novo ciclo do Cine Book Clube acontece no Presídio Feminino de Sergipe (PREFEM), um espaço onde o acesso à cultura costuma ser limitado. A proposta é transformar essa realidade, ainda que por algumas horas, criando um ambiente de acolhimento, reflexão e troca.

Será exibido o filme “Escritores da Liberdade”, que traz uma história potente sobre educação, identidade e superação. Após a exibição, acontece o momento mais precioso do Cine Book Clube: o encontro entre as imagens e as palavras. O debate com as participantes visa evidenciar como a leitura da obra literária potencializará a compreensão e o impacto do filme, aprofundando seus temas e revelando camadas que, por vezes, passam despercebidas na linguagem cinematográfica.

Para tanto, haverá entrega e leitura compartilhada do livro “Os Diários dos Escritores da Liberdade”, obra que inspirou o filme e reúne relatos reais de jovens marginalizados que descobriram na escrita uma forma de resistência. O clube do livro se torna, assim, uma extensão sensível da tela — um espaço de escuta, interpretação e ressignificação.

Essa edição será exclusivamente dedicada à escuta das vozes femininas encarceradas — suas vivências, suas dores, suas potências.

A cultura como direito e política pública

O Cine Book Clube é mais do que um projeto cultural: é uma afirmação de que a arte precisa ser acessível a todos, especialmente àqueles que vivem à margem dos direitos básicos. Sua realização se tornou possível graças ao edital da Lei Paulo Gustavo, criado como medida emergencial para apoiar o setor cultural após os impactos da pandemia da Covid-19, e regulamentado em 2023.

Aprovado na categoria voltada à criação e manutenção de cineclubes, o projeto foi contemplado com recursos da Fundação de Cultura e Arte Aperipê de Sergipe (Funcap) e do Governo do Estado de Sergipe, com o objetivo de fomentar o audiovisual por meio da formação de público, da democratização do acesso ao cinema e da valorização dos espaços de exibição não comerciais. A Lei Paulo Gustavo, ao destinar recursos para iniciativas como esta, reconhece o papel da cultura na promoção de cidadania, dignidade e transformação social, reafirmando o entendimento de que cultura é política pública essencial, e que investir nela é investir na reconstrução social, na memória coletiva.

Essa categoria do edital reconhece o papel essencial dos cineclubes como agentes de transformação sociocultural. São espaços que não apenas exibem filmes, mas criam experiências coletivas de fruição artística, reflexão crítica e construção de repertório cultural, sobretudo em territórios onde o cinema tradicional não chega.

Com os recursos recebidos, o Cine Book Clube pôde adquirir equipamentos de exibição, montar uma estrutura adaptável para diferentes espaços e distribuir exemplares dos livros que acompanham cada sessão — garantindo que o audiovisual e a literatura caminhem juntos como ferramentas de impacto.

A cada nova edição, registraremos aqui os caminhos trilhados, os desafios enfrentados, os encontros vividos e os impactos gerados. Queremos que este blog seja um espaço de memória e de inspiração, mostrando que cultura muda vidas — uma sessão, uma página, uma conversa por vez.

Acompanhe com a gente

Fique por aqui, acompanhe nossas próximas postagens e siga o nosso perfil no Instagram @trajeto_aleatorio para conteúdos exclusivos, bastidores e depoimentos. Vamos juntas(os) transformar realidades através da arte!

Isoka Souza

Olá, eu sou a Isoka, essa pessoa que vos fala neste humilde site da internet, com aparência de blog. Uma simples comunicóloga que entrega um pouco do seu dia a dia como diretora de arte e empreendedora em forma de conteúdo.

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

Back to top